BARRACA DA GÁVEA CONTEMPLA COMÉRCIO ARTESANAL LOCAL
Foi
no último dia 02 do mês corrente que além do bem-estar e de todos os
eventos de caráter sócio-cultural que a Barraca da Gávea proporciona a
todos que por ali passam, que em uma de suas paragens o comerciante
ambulante Edvaldo Nunes Oliveira de 56 anos natural de Candeal –
distrito da região de Feira de Santana apesar da aparência visivelmente
cansada concedeu gentilmente informações preciosas sobre a sua
experiência com a venda de bijuterias artesanais através de um informal
bate-papo. A fala simples e sem muitos melindres marcou o tom da
conversa pra lá de descontraída mas, muito sábia e carregada de
elementos que resvalam na atual situação de quem sobrevive desse tipo de
trabalho.
Em sua narrativa o comerciante que há mais de 15 anos andarilha pelas
areias das praias de Vilas do Atlântico e adjacências enfatizou que
sempre gostou muito do que faz, mais lamenta que a brusca e imprudente
retirada das barracas de praia impactou acentuadamente no lucro advindo
das vendas das inúmeras peças artesanais cheias de cor, de amor e de
lembranças da família que o ajudam em parte na confecção, distribuição e
divulgação das mesmas o que tem refletido no sustento da prole.
Ressaltou ainda que com o gradativo e veloz desaparecimento das barracas
estão indo com elas no mesmo ritmo o fluxo turístico – traseuntes, os
turistas são a maior parte do público que contribui ou contribuiram para
o aumento das vendas já que estão a cada dia que passa buscando outras
singularidades.
Acrescentou que outra preocupação não somente sua mais de outros tantos
colegas e também de proprietários de algumas barracas que ainda resistem
ao que classificou como triste realidadeestá
relacionada com a crescente marginalidade e falta de segurança tanto
para os ambulantes – comerciantes das diversas categorias quanto para as
pessoas que frequentam esse pedacinho de azuis que se enamoram em nosso
litoral.
À luz da história da chamada história dos anônimos poderíamos
estabelecer sem (pré) conceitos, discriminações ou nenhum tipo de
estereótipos que exemplos de pessoas como o Seu Edvaldo fazem parte do
cotidiano na dimensão macro de uma determinada localidade e que
influencia em sua instância micro como um todo, em que uma gama de
grupos e suas representações sociais se destacam subjetivamente através
do seu transitar, do jeito de abordar, de se apresentar. Essa
Circularidade Cultural emana e transcende naturalmente “coisas” que
representam o nosso Patrimônio Material e Imaterial e que infelizmente
não foram e até o presente momento não estão sendo devidamente pensadas,
planejadas e valorizadas, tendo em vista tudo que corrobora a fala
deste profissional do litoral, do que significa, repercute e ecoa no
bojo dessa comunidade e do seu entorno. A discussão faz-se necessária e
urgente. Fica a pergunta que não quer calar: O que podemos então esperar
das políticas públicas de preservação e manutenção de uma cultura de
mais uma nova gestão prestes a “estrear”?
Lília Maria Joazeiro de Sousa
(Historiadora, Pesquisadora, Técnica em Assuntos Culturais e Pós-graduanda em Arte e Patrimônio Cultural)
FONTE: Café com Noticias
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